domingo, 6 de março de 2016

Alice viciosa

Vida de vícios. "Vou fumar o meu cigarrinho das 14h!", "Vou beber a minha cerveja das 22h!", linhas constantes que soam aos nossos ouvidos, corrompidos por uma sociedade suja, somos confrontados com uma série de vícios que nos tiram da realidade e nos tornam numa Alice, entre tantas outras, e nos abrem as portas para o País das Maravilhas, tal como outros, ou outras, também já estou manchada, não sou imune à sujidade que nos rodeia, corro em busca do buraco para o outro mundo, tantos corações imundos acompanhados de caras limpas, preparados desde do primeiro instante para passar pela Baixa-Chiado naquele submundo, mecanizados para a ignorância, é apenas concedido o suficiente, porque a tristeza e as verdades incomodam as "gentes", as "gentes" que estão demasiado ocupadas para ouvir os gritos mais profundos, a rotina é a mais aconselhada! "Não digas não, o Zé queria e não teve, és um sortudo!"dizem eles, uma produção de medo constante construído desde de tempos infinitos através de senhores com altos cargos em mosteiros distantes, levados ao moderno pelos senhores tão queridos da mãe natureza, aquela que grita e ninguém a ouve, os seus protestos são abafados por vozes de cobras e lobos que nos mastigam até à nossa senilidade, ignorando os gemidos entre os mortíferos dentes. Numa sociedade corrupta onde o mais honroso é aquele que obedece ao injusto, onde todos padecem interiormente, o melhor é não deixar a minha cerveja morrer e tentar ser contente. Um brinde às Alices. 

2 comentários:

  1. Talvez esse seja apenas um processo da evolução humana! Agora ouvimos o que queremos ouvir; Podemos beber sem ter que lidar com o gosto ruim em nossos paladares; Desafiar nossa sanidade cheirando e consumindo substância químicas artificiais!
    Mas uma evolução não é necessariamente boa.

    Acho que esse comentário foi bem subjetivo.

    Muito bem Jéssica ;).

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