terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Maria Ninguém

Desde das dez da manhã que não bebo água, cheia de água à minha volta, percorro o labirinto fechado para ratazanas mais uma vez, desço as escadas para o esgoto sobrepovoado e infeccioso, cheio de ratos e ratões, que gritam "sins" e "senões", e sigo a minha viagem, caminhada, rotina até à minha sentença, enjaulam-me e testam-me varias vezes até terem certeza que estou programada, que estou apta a ser algo, deixar de ser ratazana, evoluir para ovelha, quem sabe? Pronta para o rebanho, sair do labirinto para o pasto, ou então até terem certeza que sou um erro na produção, não sou uma ratazana, nem ovelha, não sou nada, não sou ninguém, acho que estou a desidratar, preciso de água.

4 comentários:

  1. é interessante a tua perspectiva da ratazana que pode bem ser uma metáfora para o ser humano.
    Beijos Ana

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  2. Tanto a ratazana como a ovelha são uma metáfora para o ser humano, melhor, uma metáfora para o colectivo.
    Beijos Jéssica

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  3. Que tal se considerarmos cada um desses erros de produção como uma oportunidade para criar um produto melhor e inovador?

    ...Talvez eu esteja me infectando; todos precisamos de água.

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