sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Infância inocente






Quando dou por mim estou a criticar a sociedade em que vivo, a construir debates dentro da minha cabeça com homens de poder, que confesso, desprezo um bocado. Já não tenho a visão inocente da menina de seis anos, em que não via mal nenhum em um ovo kinder ser dois euros e meio, e uma bicicleta com rodinhas cento e tantos euros, que chorava e explicava elaboradamente como era importante ter estes bens materiais e dizia que todos os seus amigos já os tinham! Não compreendia a tristeza que os seus pais sentiam, que com o seu salário medíocre, não conseguiam dar-lhe estes bens indispensáveis para ela na altura, por serem explorados por uma sociedade suja e corrupta pelo poder e dinheiro. Ainda me lembro quando ficava contentíssima pela chegada da quadra natalícia, onde me colava à televisão a ver todos os anúncios de brinquedos velhos e novos, iludida por contos de fadas criados pelo dinheiro, que me cegavam e não me deixavam entender os verdadeiros valores do Natal, com as ilusões daquela caixa mágica que enganava aquela minha inocente infância, onde tudo o que importava era ter o maior número possível de brinquedos, porque aquela criança de seis anos era inocente, ela não percebia a tristeza, nem os esforços dos seus pais, que nunca parecia suficiente pelo que a televisão dizia. Maldita televisão, só dizes asneiras. Já não quero o ovo kinder.


Imagem: Luis Quiles

2 comentários:

  1. A televisão virou um slide show de anúncios. No meu país tem cerca de dois canais educacionais na televisão aberta e o resto, ou são de entretenimento, ou são canais religiosos.

    Os canais de entretenimento manipulam a informação, exibem anúncios e são pagos por toda a maravilha que fazem à humanidade.

    Aqueles que são religiosos... bem, acho que pastores ganham muito dinheiro aqui.

    Temos canais educacionais aqui, mas duvido que eles recebam muita audiência, os dois não exibem anúncios, um é mais direcionado para o público infantojuvenil e o outro para discussões sobre política e a sociedade em geral.

    O dinheiro provavelmente foi criado para medir o valor da troca. Mas é perturbador o resultado que teve. As pessoas podem muito bem dizer: Não tenho morais, princípios ou ética, mas tenho dinheiro! (Eu estava pensando em dizer aqui que o dinheiro não compra respeito e outros valores humanos e abstratos, mas fiquei em duvida.)

    Outro dia eu estava pesquisando falhas lógicas e éticas na lei (usando como base as leis dos U.S.A) e consegui confirmar que algumas coisas ali não faziam sentido, principalmente daquilo que não é físico e concreto, pois, sim abstrato e intocável, mas estou com muita preguiça de comentar isso aqui, também, normalmente debato essas coisas comigo mesmo, escrever esses pensamentos acaba gerando textos grandes e desorganizados (mas, falar é pior).

    Ah. Você escreve bem, tem uma habilidade verbal muito boa, o texto parece muito bem organizado e ainda assim não parece conter qualquer perda de conteúdo. Foi magicamente escrito ou algo do tipo. Seria legal se mais pessoas vissem isso (: .

    Lol, perdi o foco do texto inteiro. Acho que é o bastante para apenas um comentário.

    ResponderEliminar
  2. O seu país é semelhante em alguns aspectos com Portugal, Portugal também tem poucos canais educacionais em televisão aberta, mais específicamente tem um, talvez até tenha dois, o resto dos canais são controlados por programas da tarde onde são impingidos os seus jogos de sorteio e as pessoas gastam os seus trocos em vão, por anúncios, e por outros programas adaptados de outros países como os E.U.A; e é importante salientar que este canal educacional é um dos quais tem menos audiências, o que é triste, enfim, mais uma vez identifico-me com o que disse!
    E obrigada pelos elogios à minha escrita, é bom saber que alguém a aprecia! A verdade é que nunca divulguei muito o meu blog, talvez um dia destes o faça. :)

    ResponderEliminar