quarta-feira, 6 de abril de 2016

Perseguição quadrada

Uma esfera encurralada por quadrados, a fuga que parece impossível, cada curva parece mais apertada, agora quase que cai a contorná-las, a cada vislumbre da próxima, o coração quase que pára, o receio, receio do despistamento, do acidente inevitável, com o passar das horas, dias, mais o inevitável sussurra ao seu ouvido, ele não sussurra, ele grita, grita até provocar surdez e cegueira. Quadrados a encurralarem esferas, parece heresia, parece fantasia , mas é a mais pura das tristezas e das alegrias. Outra curva acerca-se, a coordenação motora atrofia, a queda parece evidente, os olhos estão cansados e os ouvidos moídos das ciladas da travessia, a esfera desiste, cega e surda, de uma fuga interminável, dominada por quadrados, com uma táctica que não falha, eles estão preparados. Outra curva avizinha-se. A esfera desaparece nesta curva sozinha. Nunca a apanharam, mas a fuga foi terminada.

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